A Polícia Federal (PF) realiza, nesta quinta-feira (3), a 3ª fase da Operação Overclean, cumprindo 16 mandados de busca e apreensão, além de uma ordem de afastamento cautelar de um servidor público. A operação investiga um grupo suspeito de atuar em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e estão sendo cumpridos em Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Aracaju.
A TV Bahia apurou que dois dos alvos da operação são o empresário José Marcos Moura, conhecido como "Rei do Lixo", e o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral. Barral foi secretário de Educação de Salvador entre setembro de 2017 e novembro de 2018. Ele é alvo de mandados de busca e apreensão nas capitais baiana e mineira.
A investigação descreve que a organização criminosa teria atuado de forma sistemática e coordenada pelo menos desde 2021, movimentando aproximadamente R$ 1,4 bilhão, parte dos quais oriundos de emendas parlamentares e contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.
Histórico da operação
A investigação da PF começou quando, em dezembro de 2024, foram apreendidos R$ 1.538.700 com suspeitos de desvios milionários. O dinheiro, que os investigadores acreditam ter origem ilícita, estava sendo transportado de Salvador para Brasília em um voo particular. Durante a apuração, foi identificado um esquema de transporte de valores em espécie, envolvendo os suspeitos Alex Rezende Parente e Lucas Maciel Lobão Vieira, que usavam aeronaves para movimentar o dinheiro.
A investigação também revelou uma planilha contendo mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e Amapá, além de depoimentos que evidenciaram contradições nas versões dos suspeitos.
Como o esquema funcionava
A organização criminosa utilizava um esquema estruturado para desviar recursos públicos provenientes de emendas parlamentares e convênios, direcionando-os para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais. O modus operandi envolvia a cooptação de servidores públicos para garantir contratos fraudulentos, os quais eram superfaturados, com valores acima dos preços de mercado. As propinas eram pagas por meio de empresas de fachada e outros métodos que dificultavam a rastreabilidade dos recursos.
A Receita Federal identificou que a lavagem de dinheiro era realizada de maneira sofisticada, utilizando empresas de fachada e aquelas com grande fluxo financeiro em espécie. As investigações também apontaram inconsistências fiscais e movimentações financeiras incompatíveis com as receitas declaradas.
Possíveis consequências
Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, e lavagem de dinheiro. As penas podem somar mais de 50 anos de reclusão, além das multas previstas pela legislação.
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