Embora a articulação para a criação de uma federação entre o PP e o União Brasil seja conduzida pelas executivas nacionais dos dois partidos, a efetivação do acordo ainda depende de ajustes em estados onde os líderes de ambas as legendas estão em rotas divergentes. A Bahia é apontada como a maior dificuldade para a implementação da fusão, sendo descrita por líderes das duas siglas como a equação mais difícil de ser resolvida. "Apesar de ouvir gente no PP e no União garantindo que o acordo está perto de ser fechado, que as barreiras foram todas superadas, não é bem assim que a banda toca. Prova disso é que a parte baiana no tabuleiro da fusão permanece sem definições", revelou um parlamentar do PP com assento na cúpula da sigla em Brasília.
Uma das principais exigências do União Brasil é que o controle da federação no estado fique com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Para que as negociações avancem, Neto aceitou abrir mão da primeira vice-presidência nacional da legenda, cargo que ocupa atualmente após a fusão do DEM e PSL. No entanto, o PP, na Bahia, é dirigido por Mário Negromonte Júnior (deputado federal), que não demonstra disposição para ceder o poder facilmente. Será necessário compensá-lo e garantir que ele também tenha uma voz ativa. "Aí complica. Essa conta não está resolvida. Ocorreram avanços, mas o conflito de interesses segue", afirmou um membro do União Brasil.
Outro problema apontado pelos deputados do PP na Bahia é a divergência de rumo entre Mário Júnior, que tentou uma reaproximação com a base aliada ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), e outros líderes do partido no estado, como o deputado federal João Leão e seu filho Cacá Leão, secretário de governo do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Para João Leão e Cacá Leão, é melhor que os pepistas continuem na oposição. Nenhum dos lados aceitará facilmente a perda de poder para o outro.
De acordo com membros influentes da Executiva Estadual do PP, a decisão sobre a união será tomada de baixo para cima, com os deputados federais e senadores de todos os estados tendo a palavra final. O projeto tem grande apoio entre os parlamentares do PP no Congresso, com a expectativa de formar o agrupamento mais forte do Parlamento, reunindo mais de cem deputados e 13 senadores. No entanto, será necessário encontrar um equilíbrio nos estados estratégicos para evitar rachas ou até uma implosão do processo.
Se o acordo entre os dois partidos for concretizado, nove estados ficariam sob a liderança do União Brasil, e outros nove sob o controle do PP. Os diretórios restantes seriam decididos pela Direção Nacional da futura federação, que pode também incluir o Cidadania, que está prestes a deixar sua aliança com o PSDB e já sinalizou interesse em integrar o bloco.
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