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MPF investiga suposto esquema de corrupção envolvendo PRF e empresa de guincho em Simões Filho

Operações ilegais estariam sendo realizadas para apreender veículos, especialmente caminhões de carga, de forma irregular.

19/01/2025 às 07h00
Por: Itamar Vieira Fonte: Bahia Notícias
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Imagem ilustrativa | Foto: Divulgação / PRF
Imagem ilustrativa | Foto: Divulgação / PRF

O Ministério Público Federal (MPF), em colaboração com a Polícia Federal (PF), instaurou um inquérito para apurar um possível esquema de corrupção envolvendo agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no município de Simões Filho. De acordo com uma denúncia anônima, operações ilegais estariam sendo realizadas para apreender veículos, especialmente caminhões de carga, de forma irregular.

 

A prática teria como objetivo favorecer o esquema de guincho e guarda de veículos, beneficiando a empresa Guto Localização de Veículos Ltda., contratada pela PRF, que ficou conhecida na população como “Guincho da Polícia Rodoviária Federal”.

 

Conforme o processo, que o Bahia Notícias teve acesso de forma exclusiva, os fatos investigados podem configurar crimes contra a Administração Pública, como corrupção ativa e passiva, além de associação criminosa.

 

Após a reunião de relatórios elaborados pelo MP, a Polícia Federal deflagrou a Operação Road, aprofundando as investigações sobre o esquema, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em diversos endereços, incluindo a sede da empresa Guto Guinchos/Pátio São Paulo. Celulares e documentos apreendidos foram encaminhados para perícia.

 

Principal alvo

A investigação se concentra na empresa Guto Localização de Veículos Ltda., contratada pela PRF para o recolhimento e guarda de veículos. Levantamentos apontaram movimentações financeiras suspeitas, incompatíveis com o padrão socioeconômico de uma das proprietárias, Vanessa Araújo Nascimento, que já foi beneficiária de programas sociais do governo.

 

Entre abril e julho de 2021, a empresa movimentou cerca de R$ 901 mil, com uma média mensal de R$ 342 mil em faturamento. Além disso, transações financeiras suspeitas foram identificadas, somando aproximadamente R$ 400 mil. Também foi constatado que Gutemberg da Silva Araújo, ex-sócio da empresa, possui histórico de prisão por uso de documentos falsos relacionados a veículos.

 

Investigação

Os inspetores Alisson Silva Carqueija e André Luiz Borges da Costa, então lotados na delegacia da PRF em Simões Filho, são citados na investigação. Documentos revelam que ambos possuem vínculos familiares e comerciais com empresas que, indiretamente, teriam contratos com a PRF.

 

O MPF também investiga o Pregão Eletrônico nº 11/2018, que resultou na contratação da Guto Localização de Veículos. Documentos analisados pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontam irregularidades, como a celebração de contratos por dispensa de licitação e alterações realizadas após a assinatura dos contratos. Em um dos casos, foi identificado que a empresa assinou um contrato em nome de outra sem explicações plausíveis.

 

Com autorização judicial, a Polícia Federal interceptou ligações telefônicas de Vanessa Araújo Nascimento, Gutemberg da Silva Araújo, Alisson Silva Carqueija, André Luiz Borges da Costa, José André Santos Rodrigues e Claudio dos Santos Reis. A PF também obteve autorização para analisar as movimentações bancárias de Vanessa, Gutemberg e da empresa Guto Guinchos/Pátio São Paulo.

 

A quebra de sigilo bancário revelou o envolvimento de outra servidora da PRF, Adriana Tavares Brito. As investigações revelaram transações financeiras suspeitas entre Adriana e a empresa Multi Service Localização, também conhecida como Guto Guincho / Pátio São Paulo, de propriedade de Vanessa Araújo Nascimento. A policial recebeu seis cheques de R$ 5 mil dessa empresa entre março e julho de 2019, após supostamente vender uma lancha para Gutemberg da Silva Araújo, além de realizar transações financeiras com outros envolvidos no esquema, como André Borges e Alisson Carqueija.

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