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Overclean: Além de Campo Formoso, PF descobriu tentáculos do esquema de desvios no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca em Jequié e Itapetinga

Em todos os casos sob investigação, há provas de pagamento de propina e fraudes para beneficiar empresas do empresário Alex Parente, denunciado como líder do esquema e preso preventivamente por ordem do juiz Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal de Salvador.

10/01/2025 às 08h20
Por: Itamar Vieira Fonte: Metrópoles - Grupo Metrópoles
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Divulgação
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Investigadores da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última terça-feira (12) em várias cidades da Bahia e em mais quatro estados, descobriram rastros de um esquema de desvios de emendas parlamentares em contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) em pelo menos dois outros municípios do interior baiano: Jequié e Itapetinga, ambos localizados no sudoeste da Bahia. O inquérito, que inclui o pedido de prisão de 17 alvos da operação, cita indícios de superfaturamento e direcionamento de licitações para obras de pavimentação em povoados e estradas vicinais dessas cidades, com recursos do Dnocs, indicados por deputados federais da Bahia.

 

Em todos os casos sob investigação, há provas de pagamento de propina e fraudes para beneficiar empresas do empresário Alex Parente, denunciado como líder do esquema e preso preventivamente por ordem do juiz Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal de Salvador.

 

Me ajeite que eu te ajeito

Em Jequié, um dos municípios mais populosos do interior baiano, as investigações revelaram que a coordenadora de Projetos, Execução e Controle da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente da cidade, Kaliane Lomanto Bastos, cobrava suborno para liberar pagamentos retidos de contratos públicos superfaturados entre a prefeitura e a empreiteira Allpha Pavimentações e Serviços de Construções, empresa dirigida por Alex Parente e seu irmão, Fábio Parente, também preso pela operação Overclean. Segundo a PF, os diálogos entre Kaliane e Alex Parente indicam a negociação de propina. Kaliane exigiu sua parte para continuar trabalhando na liberação das notas pendentes, com um pagamento de R$ 48,7 mil favorecendo o esquema.

 

Andar de cima

Em Itapetinga, cidade de 65 mil habitantes, o esquema envolveu o alto escalão da prefeitura. O secretário municipal de Governo, Orlando Ribeiro, foi identificado pela PF como facilitador interno, utilizando seu cargo para garantir que as empresas do grupo criminoso recebessem os pagamentos dos contratos fraudulentos. Além disso, Ribeiro é acusado de receber, por meio de um laranja, R$ 83,5 mil entre os anos de 2022 e 2024 de duas empresas investigadas: a BRA Tela e a FAP Participações, ligadas a Alex Parente.

 

Diga aí!

As investigações também atingiram o vereador reeleito Diego Queiroz Oliveira, conhecido como Diga Diga (PSD), que, de acordo com a PF, servia como intermediário do esquema junto à prefeitura de Itapetinga. Ele é acusado de receber pagamentos espúrios realizados por Alex Parente.

 

Xis da questão

Após os primeiros desdobramentos da Operação Overclean, a grande dúvida que circula entre os políticos baianos é se a ofensiva da PF atingirá os prefeitos das cidades onde o esquema operou, assim como os deputados que indicaram as emendas cujos contratos foram usados para desviar recursos públicos.

 

Alerta vermelho

A prisão do ex-diretor-geral da Secretaria Municipal de Educação, Flávio Pimenta, exonerado na quarta-feira (11) pelo prefeito Bruno Reis, trouxe ainda mais tensão nos bastidores políticos de Salvador. Além da robustez dos indícios de fraude nas licitações da pasta, Pimenta tinha grande influência dentro do União Brasil na Bahia.

 

Home da mala

Fontes com acesso às investigações sobre os desvios de verbas do Dnocs em diversos municípios baianos, incluindo a capital, indicaram que a equipe da Operação Overclean tem especial interesse em um dos alvos presos: Clebson Cruz de Oliveira. Ele é apontado como responsável pela logística do esquema, realizando movimentações de grandes quantias em espécie. A PF descobriu que, entre 2020 e 2022, Oliveira sacou mais de R$ 1 milhão das contas das empresas FAP Participações e Qualymulti Serviços, ligadas aos irmãos Alex e Flávio Parente. Durante esse período, ele foi monitorado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), devido a movimentações financeiras incompatíveis com sua renda.

 

Faz-tudo da propina

A PF identificou Clebson Oliveira como parte essencial do núcleo operacional do esquema, realizando tarefas logísticas, como entrega de propinas e movimentação de dinheiro em espécie, tudo para fortalecer o funcionamento do esquema. A expectativa dos investigadores é que as provas coletadas durante as buscas liguem as pontas soltas, identificando os reais destinatários do dinheiro ilícito.

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